×

Violência doméstica ainda é uma ferida aberta em Rondônia

Doze anos após Lei Maria da Penha, número de mulheres mortas pelos ex-companheiros ainda é alto

Em um único fim de semana, no mês passado, foram registradas mais de 50 ocorrências de crimes contra mulheres no Estado de Rondônia, conforme dados Delegacia de Flagrantes da Polícia Civil. Comparado ao número de habitantes, a taxa ainda é altíssima e representa um ponto de preocupação em relação a políticas sociais.

Violência doméstica ainda é uma ferida aberta em Rondônia - mulher - jaqueline cassol

Ranking nacional

Rondônia está em quarto lugar no ranking nacional disponível no Atlas de Violência Contra a Mulher. Conforme o Sistema de Informações Sobre Mortalidade, a taxa é de 6,2 a cada 100 mil habitantes, deixando o Estado atrás de Roraima, Goiás e Mato Grosso. Embora iniciativas como a do CNJ venham reduzindo as estatísticas, as comemorações dos 12 anos da Lei Maria da Penha, em 2018, vieram em meio a uma onda de discussões que se estendem até o momento atual, devido aos casos que se tornaram públicos por culminarem na morte de várias mulheres, vítimas de violência.

O aumento nos registros pode significar, também, que o número de mulheres e famílias denunciando as agressões vêm crescendo, o que é um dado positivo. No Brasil a cada 7 minutos é registrada uma denúncia contra a mulher. Só neste primeiro semestre do ano, foram quase 73 mil ao total.

Contudo, após o período da denúncia, é grande o número de mulheres que retornam aos companheiros abusivos por ameaças ou mesmo dependência financeira, temendo perder a guarda dos filhos. Faltam, portanto, medidas de acompanhamento a estas vítimas, para que se quebre o ciclo da violência. A denúncia é a primeira parte no combate a este tipo de crime.

“É preciso prover formas para que as mulheres possam, de fato, sair destes relacionamentos, nos quais permanecem, seja pela dependência financeira ou emocional, até mesmo ambas, ou por ameaças contra as vidas delas e dos filhos”, afirma Jaqueline Cassol.

E mais…

“Mais que isso, é preciso pensar na prevenção. Agir com a punição em casos concretizados é importante, mas não vai evitar que novos casos ocorram da mesma forma, e para isso é preciso o esforço conjunto de órgãos de saúde, educação e justiça”, explica Jaqueline Cassol. “Além da criação de locais para acolher as vítimas e fornecer segurança e amparo psicológico, e melhoria das casas de apoio já existentes, é preciso agir na origem da violência contra a mulher através da prevenção”.

Violência no campo

Também é preciso pensar nas vítimas deste tipo de violência no campo, onde o contato com vizinhos é menor e os crimes são mais violentos. A vulnerabilidade das mulheres que são agredidas e por vezes mortas é ainda maior na área rural, área que merece atenção por este e outros fatores. “Um dos fatores que fazem com que as mulheres permaneçam com homens agressivos é o isolamento, por vezes físico, que eles promovem. Precisamos chegar até estes locais também”.

 

Fonte: Assessoria
Foto: Divulgação